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Perdidos na Argentina

  • Thamara Moreira
  • 22 de set. de 2017
  • 6 min de leitura

Sempre pensei no dia que eu iria ficar perdida em algum lugar do mundo, sem conseguir me comunicar, sem saber o que fazer, sem saber pra onde ir, mas nunca pensei que isso aconteceria na America do Sul, afinal, espanhol e português são linguas com muitas semelhanças, então se comunicar é mais fácil. Não, não estou dizendo que espanhol é fácil, mas sim, que comparado a inglês, tailandês, japonês, chines, o espanhol é uma língua que nós brasileiros possuímos maior familiaridade.


Estava tudo certo para sairmos do Brasil às 7h30 e chegar em Buenos Aires no aeroporto Aeroparque Jorge Newbery às 10:20. Embarcamos no horários previsto, nos acomodamos, mas para nossa surpresa não decolamos na hora, depois de quase vinte minutos sem saber de nada, fomos informado pelo comandante que o aeroporto da capital argentina estava em greve e que por isso o voo iria atrasar.


Já era quase nove e meia, estávamos dentro do avião há duas horas, morrendo de calor, fome e ansiedade, preocupados com nossa conexão, quando finalmente decolamos.


Avião

A maior parte do trajeto foi bem tranquilo, mas quando já estávamos pousando, o comandante ligou o aviso de apertar os cintos e começou a falar que por conta da greve, o Aeroparque estava sem vaga para pousarmos e que por isso nós iriamos para o aeroporto de Ezeiza, que também era em Buenos Aires, que era maior, tinha mais infraestrutura e blablabla, mas eu só conseguia pensar: "fudeu, minha conexão é em outro aeroporto".


Chegando em Buenos Aires

(reparem no rio barrento)

Descemos em Ezeiza e logo notamos que o aeroporto era bem afastado do centro da cidade, não tinha nada em volta.

Aeroporto de Ezeiza

Aeroporto de Ezeiza


Sentimos a greve assim que pisamos dentro do aeroporto, estava lotado o aeroporto, não tinha um único funcionário da Lan para nos orientar sobre o que fazer, as malas despachadas não saiam, não tinha previsão pra sair, ninguém sabia de nada. Depois de meia hora rodando pelo aeroporto encontramos uma funcionaria da Lan, não sei qual é o cargo dela, nem sei o que exatamente ela foi fazer ali, só sei que todo mundo estava perguntando um bilhão de coisas para ela, afinal, estavam todos sem informação alguma, e a informação que ela nos passou foi: "Vocês terão que ir até o Aeroparque por conta própria, depois entrar em contato com a Lan e solicitar reembolso".


Acreditem, essa não foi a coisa mais absurda que ouvimos esse dia.


Na hora comecei a pensar: "Como assim? Nesse bendito lugar não tem Uber, se for pegar táxi vou precisar trocar dinheiro e a cotação do aeroporto vai ser terrível e nem sei quanto vai custar esse bendito táxi! Como nos jogam num aeroporto qualquer e nos larga lá por conta própria?"


Estávamos há uma hora do outro aeroporto sem trânsito, eram 38 km, numa cidade estranha onde não conhecíamos nada. Todo mundo estava faminto e cansado, e da para imaginar que todo mundo estava bem estressado, né?


Maps

Fonte: Google Maps


Depois de uma hora eles começaram a servir lanches para nós, pois não podíamos sair de onde estávamos sem as malas, já que depois dali, você passa pela imigração, e se passar pela imigração não tem volta.


Por sorte achamos um outro funcionário mais bem informado que disse que seria oferecido um translado até o outro aeroporto, ficamos mais aliviados, mas ainda sim aflitos, afinal, tínhamos que pegar outro voo.


Comecei a entrar em contato com a empresa que contratamos o transfer, com o hotel, para dizer que não iriamos chegar na hora que pretendíamos e que não tínhamos qualquer previsão de chegada. Todas duas empresas foram bem compreensivas, me tranquilizaram muito, principalmente o transfer que foi extremamente flexível em nos buscar a qualquer hora.


Depois de três horas irritados, estressados e com fome, as malas foram liberadas e fomos correndo para pegar o translado, do lado de fora encontramos alguns brasileiros que também iriam para Santiago e que iriam tentar pegar algum voo diretamente daquele aeroporto, mas os dois voos que eles tinham pra Santiago um já estava lotado e o outro não tinha posição se teriam vaga para toda aquela gente. Decidimos ir para o Aeroparque, pois era a decisão mais segura naquele momento, não tínhamos passagens compradas com aquele aeroporto, logo eles não tinham qualquer responsabilidade conosco.


Passamos uma hora no ônibus que por sinal era bem mais confortável em todos sentidos que o avião.


Transalado

Translado para o Aeroparque


Chegamos no Aeroparque acreditando que lá tudo estaria melhor. Outro grande engano. O aeroporto estava um verdadeiro caos, era tanta gente, mais tanta gente que não sabíamos pra onde ir.

Aeroparque

Aeroparque

Fomos até o check-in e falamos para funcionária (ou tentamos) o que tinha acontecido e ela olhou para nossa cara e disse:


- Por que só chegaram aqui agora? (estávamos 4 horas atrasados) - Porque nosso avião pousou no aeroporto de Ezeiza por causa da greve e só conseguimos chegar aqui agora. - Se perderam o voo vão ter que ligar na Lan e ver quando tem outro disponível. - Como vamos ligar? Somos do Brasil, nosso telefone não funciona aqui. - É 0800. - nos deu o papel com numero. - Ta, mas e daí? Meu telefone não funciona.


Ficamos indignados, como iriamos ligar para qualquer numero se nosso chip não funciona na Argentina? Não tinha um único telefone público naquele lugar e como iria resolver tudo pelo telefone com um espanhol de bosta? Juro, que se não fosse muito bem educada, teria metido a mão na cara daquela mulher, que foi extremamente grossa, mal humorada e em momento algum tentou nos ajudar e para piorar tentou nos culpar pelo atraso, como se nós tivéssemos perdido nosso voo por ter ficado batendo perna pela cidade.


Fomos para o balcão de cancelamento, e ali eu tive certeza que passaria minha viagem em Buenos Aires, e juro, que nunca senti tanta raiva de um lugar, igual estava sentido daquele lugar. As pessoas não tinham o mínimo de educação, eram extremamente desinformadas, desorganizadas e Buenos Aires não é uma cidade bonita, do pouco que rodei de ônibus só via prédios da cor de tijolo, um mar barrento (Rio de Prata) na frente do aeroporto e pessoas insuportáveis.


Rio da Prata ou Rio Barrento

Rio de Prata

Buenos Aires


Não piso tão cedo naquela cidade e nem naquele país. Sério. Não tive uma boa experiência na Argentina.


Estava realmente agoniada, com vontade chorar e voltar pra casa, ouvindo gente revoltada que ia para Mendonza que só tinha conseguido voo para o dia seguinte as 5 horas da tarde... Quando uma alma boa nos direcionou para o balcão de vendas, onde conseguimos reagendar nosso voo para as 19 horas daquele dia. Ficamos tão felizes, tão empolgados que fomos direto fazer check-in e despachar as malas, comer alguma coisa, pois todo mundo já estava estressado, cansado e com fome, e finalmente conseguimos embarcar sentido a Santiago.


Quando estávamos fazendo check-in minha amiga recebeu uma mensagem dizendo que nosso voo de Buenos Aires para Santiago havia sido cancelado e remarcado para as 21:45. Sim, não havíamos perdido nosso voo, ele havia sido cancelado e no final das contas ainda saímos no lucro, pois conseguimos um voo mais cedo.


Finalmente indo para Santiago



Se tem uma lembrança boa que tenho da Argentina, é a vista de cima, sério, ver a cidade inteira acesa a noite do alto, parecia que não importava o tamanho dos meus problemas, do estresse daquele dia, ainda existia algo bom para se aproveitar daquele momento, e me sentia grata por estar vendo aquilo. "Ah Thamara, mas todo lugar é assim!", não é, Santiago não era tão bonito do alto, Córdova, Bogotá também não, mas Buenos Aires, estava perfeita, não sei se me encantou tanto, porque foi a unica coisa realmente bonita que vi no dia, ou se era a satisfação de estar indo para meu destino final, mas pra mim, aquilo foi incrível.


Buenos Aires

(essa imagem não mostra nem 10% do que vi)


Quando chegamos em Santiago, ver alguém segurando uma plaquinha com meu nome, me esperando para me levar para um quarto confortável e uma cama quentinha, foi a melhor das sensações. Chegar no hotel e ter alguém esperando exclusivamente a mim, para me apresentar o quarto e ainda sair caçando uma garrafa de água pra gente beber, também não tem preço. Estava realmente feliz por estar em Santiago.



_______________________________________________ FICA A DICA ______________________________________________

No outro dia descobrimos que Buenos Aires passa por muitas greves nos aeroportos durante o ano, fui pesquisar e de fato, eles fazem muita greve, de setembro de 2016 até setembro de 2017 foram 4 paralisações, em outubro de 2016, dezembro de 2016, abril de 2017 e setembro 2017. Então, se seu destino final não é Buenos Aires, evite conexão por lá, não arrisque pegar uma greve e perder tempo da sua viagem por besteira, e se no final das contas, não tem o que fazer e tiver que passar por Buenos Aires, deixe seu roteiro mais flexível, por mais que ocorra algo, sua viagem não será afetada.

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